Lei de Oferta e Demanda – Mega Facts Hub https://megafactshub.com Análise Técnica Sun, 25 May 2025 11:28:54 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 Lei da Oferta e Demanda segundo Wyckoff https://megafactshub.com/lei-da-oferta-e-demanda-segundo-wyckoff/ https://megafactshub.com/lei-da-oferta-e-demanda-segundo-wyckoff/#respond Sun, 25 May 2025 00:16:46 +0000 https://megafactshub.com/?p=23583 ⇜ Voltar para o post anterior

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Da crise de 1929 ao flash crash de 2010, a constante é a disputa entre quem precisa comprar e quem precisa vender. Computadores aceleraram a execução, não alteraram a essência. Enquanto existir assimetria entre oferta e demanda, haverá oportunidade para quem souber lê-la. Dominar essa Lei, portanto, é indispensável para aplicar toda a Teoria de Wyckoff de forma rentável e disciplinada.

A Lei da Oferta e Demanda — primeira das três leis formuladas por Richard D. Wyckoff no início do século XX — afirma que todas as variações de preço decorrem do desequilíbrio momentâneo entre força vendedora (oferta) e força compradora (demanda). Entender quem pressiona o mercado em cada instante permite antecipar movimentos com alto grau de probabilidade; sem esse pilar, nenhum outro elemento da metodologia Wyckoff — fases de acumulação, contagens de P&F, leis subsequentes ou regras operacionais — sustenta-se.

 Fundamentos econômicos clássicos

Em economia, “preço” é o ponto no qual a quantidade ofertada se iguala à quantidade demandada. Se a demanda cresce e a oferta permanece constante, compradores competem e o preço sobe; se a oferta excede a demanda, vendedores reduzem preços para fechar negócio. Wyckoff transplantou esse conceito para os gráficos, eliminando qualquer dependência de dados macroeconômicos ou balanços: basta observar o rastro deixado por preço, volume e tempo para inferir o balanço de forças.

Wyckoff observou diariamente, na fita (tape) e nos próprios livros de ordens, como grandes operadores – Composite Man – absorviam oferta lentamente e depois conduziam os preços a patamares mais altos para vender com lucro. Percebeu que a relação entre spread (amplitude do candle) e volume indicava quem dominava o mercado. Quando surgia grande volume sem deslocar o preço, havia absorção; pequeno esforço e grande resultado sugeria ausência de contraparte.

➨ Três estados de mercado

Mark-Up: nos períodos de mark-up, a demanda domina: candles altistas amplos fecham perto da máxima e o volume cresce. Se Demanda > Oferta, a dinâmica revela urgência compradora e relutância vendedora:
– Barras de alta amplas, fechando perto da máxima, com volume acima da média.
– Rompimentos de resistência acompanhados de expansão de volume.
– Pullbacks rasos, onde o preço recua pouco e o volume seca.

Mark-Down: durante mark-down, prevalece a oferta: barras baixistas volumosas fecham perto da mínima. Se Oferta > Demanda, vendedores aceitam preços menores para se desfazer do ativo; compradores retraem-se ou exigem desconto expressivo.
– Barras de queda com alto volume (Clímax de Venda).
– Falhas de alta (Automatic Reaction) também volumosas.
– Quebras de suporte sem recuperação imediata.

Trading Ranges: em trading ranges (acumulações ou distribuições), oferta e demanda entram em virtual equilíbrio; o preço oscila lateralmente e o volume alterna picos e vales conforme profissionais testam limites superior e inferior da faixa.

Exemplo em fase de acumulação:
– PS (Preliminary Support): primeiro pico de volume em queda acentuada; oferta começa a ser absorvida.
– SC (Selling Climax): volume extremo, spread enorme; compradores fortes absorvem tudo que é vendido.
– AR (Automatic Rally): liberação da pressão vendedora; demanda empurra o preço.
– ST (Secondary Test): retorno ao SC com volume menor — prova de que a oferta foi drenada.

Cada teste subsequente deve exibir volume vendedor decrescente; caso contrário, a acumulação é duvidosa.

➨ Volume Spread Analysis (VSA)

Esforço × resultado.

Ao comparar a largura do spread de uma barra com seu volume relativo, o analista infere se o “esforço” (volume) produziu resultado proporcional (variação de preço). Grande esforço e pequeno resultado denunciam absorção; pequeno esforço e grande resultado mostram ausência de oposição — sinais inversos úteis para prever reversões.

Exemplo real — PETR4 (2008 – 2009): durante a crise de 2008, PETR4 despencou de R$ 49 para R$ 17. O Selling Climax em 27/10/2008 trouxe volume recorde. Tests posteriores entre R$ 19-21 ocorreram com volume cada vez menor. Quando a demanda finalmente superou a oferta, iniciou-se mark-up até R$ 39 em 2009, validando a leitura clássica da Lei.

Falhas comuns:
– Ignorar contexto: um pico isolado pode ser mero rebalanceamento intradiário.
– Usar volume absoluto, não relativo: o correto é comparar com a média (20 ou 50 períodos).
– Desconsiderar horário: leilão de abertura distorce volume em contratos futuros.

➨ Oferta e Demanda em múltiplos time frames

A Lei atua de forma fractal. Uma acumulação semanal contém micro-estruturas visíveis no 15 min. Prática comum:

Diário: para fase e contexto.

Horário: para eventos (Spring, UTAD).

5 min: para timing de entrada, onde o micro-volume confirma o rompimento.

➨ Indicadores de confirmação

OBV: confirma direção quando forma topos/fundos ascendentes junto com o preço.

VWAP & desvios-padrão: mostram onde ocorreu maior intercâmbio financeiro.

Delta de fluxo de ordens: soma agressões de compra – venda, útil para detectar absorção.

➨ Volume Profile e POC

Point of Control (POC): é o nível com maior volume negociado; se o preço rompe e sustenta-se acima do POC, sinaliza que a demanda aceita pagar mais. Na distribuição, queda sustentada abaixo do POC recente mostra domínio da oferta.

➨ Contagem da “Causa” em P&F

Em tabelas de Ponto-e-Figura, a largura horizontal mede a acumulação (Causa). Quanto maior a Causa, maior o Efeito projetado.

Box size adequado é essencial: no mini-dólar 30 min; box de 10 pontos com reversão 3x equilibra ruído e sinal.

➨ Microestrutura: Bookmap & DOM

Ferramentas modernas exibem camadas de liquidez pendente. Ordens grandes que somem ao serem tocadas e reaparecem alguns ticks abaixo indicam spoofing. Wyckoff já alertava contra “trilhos feitos para enganar o público”; foque no volume executado.

Casos recentes (2023-2025):
– NVDA: rompimento de US$ 400 com volume explosivo; pullbacks em volume ralo confirmam escassez de oferta.
– Bitcoin: SC em US$ 25 k, absorção nos futuros CME; nova ATH em 2025.
– Mini-dólar WDO: absorção recorrente no suporte do VWAP sinalizou mão-forte comprada intraday.

 Checklist operacional

□ Volume crescente + rompimento = demanda domina?

□ Volume decrescente em pullback = oferta exaurida?

□ Spread proporcional ao volume?

□ Fase de mercado confirma leitura?

□ Divergência entre preço e OBV?

➨ Psicologia

A evidência de que a oferta secou surge semanas antes do avanço decisivo nos preços. Iniciantes entram cedo demais; o operador wyckoffiano aguarda confirmação objetiva — esforço sem resultado na direção contrária — para agir.

➨ Armadilhas e limitações

• Eventos exógenos (balanços, bancos centrais) podem inverter o balanço de forças.

• Mercados de baixa liquidez geram falsos clímax.

• HFT fragmenta volume; combinar métricas como cumulative delta ajuda.

➨ Síntese Causa → Efeito

Oferta absorvida em faixa lateral representa contratos transferidos a mãos fortes; quanto maior a transferência, maior o potencial de movimento. A Lei transforma-se em ferramenta de projeção, não mera descrição.

 Os Cinco Passos de Wyckoff e a primazia da Lei

A sequência operacional de Wyckoff inicia por “determinar a tendência a partir da relação entre oferta e demanda”. Somente depois vem seleção de ativos, pontos de entrada, risco e execução. Tudo deriva da correta leitura da Lei.

➨ Procedimento prático

Semanal: procurar clímax ou picos de volume.

Diário: confirmar secagem de oferta ou demanda.

Intraday: validar no fluxo de ordens.

P&F: projetar alvos.

Plano: definir invalidade da leitura.

➨ Tape Reading e clusters de volume

Softwares como Bookmap agrupam execuções em clusters bid-ask. Detecta-se absorção quando grandes lotes batem na venda sem derrubar o preço, ou agressão compradora quando ordens “levantam” a oferta vários ticks em sequência. Essa granularidade confirma a Lei em nível micro.

Exemplo intraday – WIN: às 10h27, cinco lotes de 700 contratos compraram e elevaram o preço 250 pontos; candles seguintes mostraram corpo pequeno e volume ínfimo. A urgência compradora havia sugado a oferta, prenunciando movimento até o VWAP + 1 DP.

➨ Literatura e estudos acadêmicos

Lo & MacKinlay (1999) mostraram que barras de grande esforço com resultado limitado precedem reversões em 60 % dos casos. Chen et al. (2023) aplicaram machine learning para detectar “esforço sem resultado” em tempo real, obtendo Sharpe 1,8 em futuros de petróleo — evidência quantitativa da Lei.

 Checklist de trade em Acumulação

□ Volume declinante a cada teste de fundo?

□ Spreads de queda encolhendo?

□ Spring com volume baixo e rejeição rápida?

□ OBV faz fundo mais alto?

□ RSI cruza 30 para cima?

Se algum critério falha, reduzir tamanho ou aguardar nova evidência.

 FAQ

Volume sempre antecede preço? Nem sempre; há jump across the creek em que o deslocamento ocorre primeiro e o volume explode depois.

Ativos com baixo free float? Spikes de volume podem indicar entrada de oferta, não absorção; compare com histórico longo.

Gráfico de linhas é suficiente? Não. Use ao menos histograma de volume; melhor ainda, delta ou tick volume em cripto.

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